Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Segurança e efetividade do enxerto autóloga de gordura após radioterapia da mama

Um estudo realizado por pesquisadores chineses, do Departamento de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva do Hospital do Povo da Universidade de Pequim, investiga a correlação entre enxerto de gordura autóloga na mamas, após tratamento radioterápico, e variações na recorrência do câncer de mama.

Tal correlação é ponto sensível na reconstrução mamária e requer dados robustos para que melhores estratégias possam ser implantadas, inclusive como políticas públicas de saúde. As descobertas foram publicadas no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, em janeiro deste ano.

Para realizar o estudo, os pesquisadores conduziram uma meta-análise com base em estudos de coorte observacionais. Focando na eficácia e segurança da lipoenxertia autóloga em pacientes pós-radioterapia de reconstrução da mama, este trabalho compara a incidência de complicações nestes pacientes, com análise de dados, considerando a radioterapia como um subgrupo. Também foi investigada a satisfação pós-operatória das pacientes.

Para a base de dados, os pesquisadores consideraram todos os estudos publicados antes de dezembro de 2019, coletados nas plataformas PubMed, Embase, Cochrane, Web of Science, CNKI e Wanfang Data. Após a triagem independente dos estudos e extração de dados, o Stata foi aplicado para realizar a meta-análise. Dezessete artigos qualificados foram incluídos, envolvendo um total de 1.658 pacientes, dos quais 1.555 foram submetidos à lipoenxertia autóloga.

A partir desses dados, a pesquisa demonstrou que o uso de lipoenxertia autóloga após radioterapia não aumentou a incidência de complicações e/ou o risco de recorrência do tumor.

Com a análise estatística, os autores identificaram que 152 pacientes sofreram complicações após passar por lipoenxertia autóloga [152 de 1555 (9,8%)]; 72 pacientes sofreram complicações após passar por lipoenxertia autóloga pós-radioterapia [72 de 1040 (6,%)], incluindo sete casos de recorrência do tumor [sete de 1040 (0,7%)]; e 80 pacientes sofreram complicações após serem submetidos a enxerto de gordura autóloga sem radioterapia [80 de 515 (15,5%)], incluindo sete casos de recorrência do tumor [sete de 515 (1,4%)].

Os autores também demonstraram que 970 de 1.040 pacientes (93,3%) estavam satisfeitos com os resultados de lipoenxertia autóloga pós-radioterapia para reconstrução mamária. O estudo forneceu evidências que apoiam o uso de lipoenxertia autóloga, mesmo quando o tratamento do câncer fez uso de radioterapia. A lipoenxertia autóloga pode corrigir com eficácia a deformidade e a contratura da mama, causada por terapia conservadora da mama e radioterapia, além de aumentar a satisfação do paciente, sem aumentar a taxa de recorrência do tumor.

Leia mais aqui:
https://journals.lww.com/plasreconsurg/Abstract/2021/01000/Safety_and_Effectiveness_of_Autologous_Fat.1.aspx