Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Estudo avalia o perfil de complicações e a segurança da paniculectomia associada ao reparo da hérnia ventral

O reparo da hérnia ventral associado à retirada do excesso de pele e panículo adiposo (paniculectomia), em um mesmo procedimento cirúrgico, é ofertado a pacientes como alternativa para a solução simultânea de duas questões. No entanto, existem preocupações acerca das complicações e incertezas relativas à durabilidade do reparo, com resultados variáveis e heterogêneos na literatura.

Por isso, pesquisadores norte-americanos conduziram uma revisão sistemática e meta-análise sobre a durabilidade do reparo da hérnia ventral, incluindo o perfil de complicações e a segurança desse reparo simultâneo. Os resultados foram publicados no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, em abril de 2020.

Utilizando recomendações específicas para condução de revisões sistemáticas e meta-análises (PRISMA) e critérios de inclusão e exclusão bem delineados, artigos originais foram selecionados a partir de uma busca nas principais bases de dados (MEDLINE, EMBASE e Cochrane Library).

Os termos “paniculectomia” e “abdominoplastia” foram utilizados nas buscas, mas apenas estudos avaliando pacientes submetidos a ressecção de excesso de pele e tecido subcutâneo foram selecionados. Estudos abordando hérnias congênitas, inguinais, hiatais e parastomais foram excluídos. Os dados de interesse foram coletados por dois revisores, com opiniões conflitantes sendo resolvidas por consenso entre todos os autores.

Entre um total de 76 títulos potencialmente elegíveis, 16 estudos (13 estudos retrospectivos) foram finalmente incluídos e selecionados para análise. Com isso, chegou-se ao total de 917 pacientes (78% mulheres; 52,2 anos em média; IMC médio de 36,1 kg/m2; diabetes mellitus e tabagismo foram presentes em 21% e 24,6% dos casos, respectivamente) foram submetidos ao reparo simultâneo (tempo operatório médio de 222 minutos) da hérnia ventral (tamanho médio de 255,5 cm2; reconstrução com tela em 65,6% dos casos) e do excesso tecidual (resseção média de 3183 gramas).

Os períodos de hospitalização e seguimento pós-operatório foram, em média, de 6,9 dias e 17,8 meses, respectivamente.

No geral, a taxa média de ocorrências no sítio cirúrgico foi de 27,9% (IC95%, 15,6 – 40,2%) e a taxa média de recidiva da hérnia ventral foi de 4,9% (IC95%, 2,4 – 7,3%).

Entre as complicações relatadas, infecção do sítio cirúrgico (15,8%), seroma (11,2%), deiscência cutânea (10,8%) e recidiva da hérnia (6,1%) foram as mais frequentes. As complicações sistêmicas foram menos comuns (7,8%), com eventos tromboembólicos descritos em 1,2% dos casos. A taxa de mortalidade geral foi de 0,4%.

Tais dados podem auxiliar os cirurgiões plásticos a terem uma visão ampla sobre os resultados relacionados à combinação da correção de hérnias ventrais com a ressecção de excesso cutâneo, além de melhorar a precisão e a consistência no aconselhamento pré-operatório dos pacientes.

Veja a íntegra do estudo aqui:
https://journals.lww.com/plasreconsurg/Fulltext/2020/04000/Simultaneous_Ventral_Hernia_Repair_and.43.aspx