Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Uma nova abordagem cirúrgica para cefaleia temporal crônica

Há evidências da efetividade do tratamento cirúrgico das cefaleias crônicas refratárias ao tratamento medicamentoso ou outros tratamentos. Os alvos para o tratamento cirúrgico das cefaleias temporais são o ramo zigomaticotemporal do nervo trigêmeo e o nervo auriculotemporal, que podem ser submetidos a descompressão ou neurectomia.

O nervo zigomaticotemporal é frequentemente acessado por meio de uma abordagem endoscópica no supercílio, ou também por uma extensão lateral de uma incisão transpalpebral. Uma abordagem cirúrgica bem estabelecida, a incisão Gillies, pode ser utilizada para acessar o nervo zigomaticotemporal, com algumas modificações em relação à técnica tradicional, e com vantagens em relação a outras técnicas.

Em estudo publicado no Plastic and Reconstructive Surgery de maio de 2016, um cirurgião plástico americano realizou estudo para avaliar a viabilidade, eficácia e segurança da incisão de Gillies, modificada para abordagem do nervo zigomaticotemporal em pacientes com cefaleia crônica temporal.

Dezenove pacientes foram submetidos a descompressão ou neurectomia do nervo zigomaticotemporal usando a abordagem cirúrgica de Gillies modificada. Uma incisão de 3,5 cm foi feita atrás da linha do cabelo temporal anterior, e o ramo zigomaticotemporal do nervo trigêmeo foi abordado diretamente, permanecendo superficial à fáscia temporal profunda.

Cada paciente foi avaliado no pré-operatório e pós-operatório em relação à frequência, duração e gravidade dos seus sintomas para calcular uma pontuação baseada no Índice de Cefaleia e Enxaqueca. As avaliações foram realizadas, pelo menos, após um ano da cirurgia.

A média de pontuação nesse índice no pré-operatório foi de 131 e, no pós-operatório, foi de 52 (p < 0,0001). Não houve complicações cirúrgicas. Não houve diferença entre os pacientes submetidos à descompressão comparados com aqueles que foram submetidos à neurectomia, sendo que ambos os grupos apresentaram reduções significativas nos escores.

Como conclusão, o autor afirma que a abordagem temporal anterior do nervo zigomaticotemporal é segura e eficaz. As vantagens dessa abordagem incluem uma cicatriz camuflada, a capacidade de manipular diretamente o nervo para transecção ou preservação e o acesso ao nervo auriculotemporal através da mesma incisão. Veja o estudo completo aqui.