Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Retalhos de perfusão não convencional na prática clínica

Embora os retalhos de perfusão não convencional tenham sido usados na prática clínica desde a década de 1970, muitos cirurgiões ainda são desencorajados de usá-los devido a alguns relatos de alta taxa de necrose. Tais retalhos podem ser definidos como blocos de tecidos perfundidos apenas por seu sistema venoso, compreendendo os retalhos venosos e os retalhos venosos arterializados.

Para melhor compreender o assunto, cirurgiões plásticos de Lisboa, Portugal, realizaram uma revisão sistemática e metanálise de todos os artigos escritos em inglês, francês, alemão, espanhol e português relacionados ao uso clínico dos retalhos de perfusão não convencional, indexados no Pubmed de 1975 até julho de 2015. Esse estudo foi publicado no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, em agosto de 2016.

Um total de 134 estudos e 1.445 pacientes foram analisados. A taxa estimada de sobrevivência dos retalhos de perfusão não convencional foi 89,5% (com intervalo de confiança de 95%, variando de 87,3% a 91,3%, valor de p < 0,001).

Desse total, 92% dos retalhos apresentaram sobrevivência completa ou quase completa. A maioria dos defeitos que demandaram o uso dos retalhos foram causados por trauma, principalmente em mãos e dedos. A principal complicação de todos os tipos de retalhos foi um grau variado de necrose (7,5% tiveram necrose parcial, 9,2% tiveram necrose significante e 5,5% tiveram necrose total).

Houve uma correlação positiva entre a taxa de infecção pós-operatória e a necessidade de um novo retalho (p=0,001). Os retalhos usados para reconstrução do membro superior apresentaram melhor sobrevida, comparados com aqueles usados para reconstrução de cabeça e pescoço, e membros inferiores (p < 0,001).

Como conclusão, os autores afirmam que os retalhos de perfusão não convencional mostraram altas taxas de sobrevivência e deveriam ser mais utilizados, particularmente no contexto da reconstrução de membros superiores.

Leia a íntegra do estudo aqui.