Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Pacientes com hipotireoidismo têm risco de edema prolongado após cirurgia face-lift

Mesmo com terapia de substituição do hormônio tireoidiano, a cirurgia de face-lift pode expor ao risco de edema prolongado um pequeno grupo de pacientes com hipotireoidismo. Isso é o que sugere um estudo publicado recentemente no JAMA Facial Plastic Surgery.

Os pesquisadores realizaram um estudo retrospectivo de 198 pacientes, que foram submetidos a cirurgia entre 1º de janeiro de 2014 e 31 de maio de 2015. Eles identificaram quatro mulheres (idade média de 63 anos) com hipotireoidismo documentado e edema pós-operatório prolongado.

As quatro mulheres eram brancas, operadas pelo mesmo cirurgião e anestesista, e tiveram edema facial com duração média de 3,75 meses. Ademais, elas foram submetidas a procedimentos cirúrgicos associados, como blefaroplastia e/ou rinoplastia no mesmo ato operatório, sendo que o tempo médio cirúrgico foi de 236 minutos.

Apesar de todas as pacientes estarem em tratamento com Levotiroxina Sódica no momento da cirurgia, uma possuía níveis mais elevados de tirotoxina e três apresentavam anticorpos antitiroidianos presentes nos testes sanguíneos.

As quatro mulheres não tinham histórico de complicações cirúrgicas, porém apresentaram um edema muito mais prolongado em comparação com pacientes típicos, que em media apresentam uma redução de 75% do edema em duas semanas após o procedimento, e resolução de 85% em dois meses.

Após um mês da operação, essas pacientes foram tratadas com um esquema de 10 dias de acetato de hidrocortisona por via oral com redução graduada ao longo das semanas subsequentes.

“Face-lift é um procedimento importante, que altera a dinâmica dos tecidos moles da face devido à alteração da drenagem linfática da pele para a parte medial do rosto”, descreveram os pesquisadores. “Procedimentos de terço médio da face associados com blefaroplastia e/ou rinoplastia podem alterar ainda mais a drenagem, aumentando assim o edema.”

“Antitireoglobulina e anticorpos anti-TPO, embora não sejam normalmente indicativos de doença da tireóide, são representativos de um estado autoimune que pode afetar indiretamente a cicatrização de feridas, através da atividade inadequada do hormônio da tiróide”, concluíram os pesquisadores.

Veja a íntegra do artigo:
http://archfaci.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=2514342