O surgimento de nódulos crônicos e inflamações granulomatosas após injeções de preenchedores de tecidos tem sido atribuído à infecção por biofilme bacteriano. Para melhor compreensão do tema, pesquisadores australianos realizaram um trabalho com objetivo de investigar a relação entre o preenchimento e o biofilme bacteriano, usando um estudo combinado in vitro e in vivo. O artigo foi publicado no Plastic and Reconstructive Surgery, de março de 2017.
Foram concebidos ensaios in vitro para investigar a capacidade de materiais de preenchimento para suportar o crescimento de biofilme de Staphylococcus epidermidis e o efeito de múltiplas passagens de agulhas através de uma superfície contaminada com biofilme. Foi realizada a análise de espécimes de biópsia clínica de pacientes que apresentavam granulomas crônicos após injeção de preenchimento utilizando vários testes laboratoriais para biofilme.
Todos os preenchimentos (ácido hialurónico, gel de poliacrilamida e ácido poli-L-láctico) suportaram o crescimento de biofilme de S. epidermidis in vitro. Múltiplas passagens da agulha através de uma superfície contaminada com biofilme resultaram em contaminação significativamente aumentada do material de preenchimento por um fator de 10.000 (p <0.001).
Seis amostras clínicas de cinco pacientes demonstraram biofilme bacteriano. Verificou-se que o número médio de bactérias era de 2,2 × 107 bactérias/mg de tecido. A análise de microbiomas detectou uma predominância de Pseudomonas, Staphylococcus e Propionibacterium como presentes nestas amostras.
Como conclusão, os autores afirmam que o material de preenchimento pode suportar o crescimento de biofilme bacteriano in vitro. Múltiplas passagens de agulha podem aumentar significativamente o risco de contaminação do preenchedor. O biofilme parece estar associado a números elevados de pacientes com inflamação granulomatosa crônica em amostras clínicas. As estratégias para reduzir o risco de contaminação bacteriana precisam ser mais estudadas e traduzidas para a prática clínica.
