Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Estudo avalia mecanismos moleculares de sobrevivência de tecido adiposo durante hipóxia grave

Em procedimentos de lipoenxertia autóloga, as possíveis diferenças entre os volumes de enxerto obtidos continuam sendo uma questão significativa aos cirurgiões plásticos. Entre pacientes aparentemente semelhantes, utilizando procedimentos de coleta idênticos, observa-se diferença na retenção do enxerto. Dados recentes sugerem que as características inerentes do tecido adiposo do doador determinam os resultados da cicatrização do enxerto.

O objetivo deste estudo, publicado em junho no periódico PRS Global Open, foi elucidar as qualidades intrínsecas do tecido adiposo humano que conferem resistência ao estresse isquêmico, para ter como alvo terapêutico tais mecanismos e melhorar os resultados gerais dos enxertos de gordura.

A gordura total de cinco pacientes do sexo feminino foi cultivada in vitro sob condições hipóxicas severas (1% de O2) e leves (8% de O2). A análise de microarray de 44 genes relacionados à hipóxia foi realizada. A perilipina foi usada para visualizar adipócitos viáveis. Fenótipos de macrófagos foram identificados por PCR.

A análise da sobrevida de adipócitos com perilipina sugeriu melhora na viabilidade de tecido obtido de doadores com IMC elevado.

Os dados de microarranjos revelaram uma correlação positiva para a expressão induzida de ANGPTL4, um gene de sobrevivência, ao IMC do doador (P = 0,0313), durante condições hipóxicas, enquanto os genes HIF1α e HIF2α foram negativamente correlacionados com o IMC do doador (P = 0,0003 e 0,0303).

Curiosamente, a diferenciação induzida de macrófagos pró-inflamatórios M1 foi negativamente correlacionada com o IMC sob hipóxia (P = 0,0177).

A resiliência inata dos adipócitos à hipóxia e à ativação relativa dos macrófagos tem um papel crucial na retenção do enxerto de gordura. Este estudo sugere que o tecido adiposo de doadores com IMC elevado demonstra maior resistência à apoptose induzida por hipóxia, associada a uma expressão aumentada de ANGPTL4. Portanto, intervenções terapêuticas direcionadas a esse fator podem melhorar a sobrevida clínica do enxerto adiposo.

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https://journals.lww.com/prsgo/Abstract/latest/Molecular_Mechanisms_of_Adipose_Tissue_Survival.97886.aspx