Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Entrevista com Dra. Maria Carolina Coutinho

COVID-19: o cir plástico na linha de frente
COVID-19

O Cirurgião Plástico na linha de frente

 

Dra. Maria Carolina CoutinhoPresidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras – Regional São Paulo, a cirurgiã plástica Dr. Maria Carolina Coutinho fala sobre as dificuldades enfrentadas para manter o atendimento a pacientes queimados em meio à pandemia do novo Coronavírus. “Em todo o Estado, a capital paulista é a cidade com mais unidades para queimados. Existem cinco, mas duas estão fechadas, dedicadas a pacientes COVID”, conta ela.

As dificuldades são inúmeras, com os recursos e a atenção voltadas à pandemia. Ela detalha o caso de uma criança, que sofreu queimaduras no rosto e precisou ser transferida para o Interior, pois o único hospital com serviço de queimados pediátricos estava sem leitos e, mesmo após conseguir um leito em outra cidade, a transferência da criança foi inviabilizada por falta de ambulância. “Estão levando até 15 dias para disponibilizar uma ambulância, porque a prioridade é a COVID”, diz ela.

Diferente de outros traumas, que reduziram significativamente com o isolamento social, as queimaduras continuam acontecendo. O uso descuidado de álcool e álcool em gel para desinfecção da pele tem sido a razão de muitos acidentes, mas o número de casos com crianças também cresceu, como normalmente acontece em período de férias escolares.

A especialista explica que há uma combinação perigosa de fatores: as crianças em casa, com aulas suspensas ou remotas, os pais ocupados com o trabalho em home office e com menos auxílio de outras pessoas, como babás e demais familiares, para cuidar das crianças. Assim, mais acidentes domésticos têm ocorrido.

Além disso, a cirurgiã plástica fala sobre projetos para reinserção social de crianças queimadas e faz alertas sobre causas recorrentes de queimaduras. Ela ressalta que, mesmo com a existência de leis que proíbem a compra de combustível automotivo em postos de abastecimento, as pessoas conseguem burlar as proibições, fazem a compra para acender churrasqueiras e acabam se envolvendo em acidentes graves. “Por incrível que pareça, isso ainda acontece”, diz ela.

A entrevista foi concedida ao presidente da Regional São Paulo, Dr. Felipe Coutinho, junto ao secretário geral, Dr. José Octavio Gonçalves de Freitas, como parte da série “COVID-19: O Cirurgião Plástico na Linha de Frente”. A iniciativa tem reunido depoimentos de cirurgiões plásticos atuantes em diversos segmentos da especialidade, para mostrar o impacto da pandemia na vida pessoal e profissional.

 

Entrevista com Dra. Maria Carolina Coutinho

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