Eventos de tromboembolismo venoso (TEV) constituem uma das principais causas de morbidade e mortalidade em cirurgia plástica. Estudos recentes estimam que a incidência geral de TEV em procedimentos cirúrgicos plásticos estéticos e ambulatoriais pode chegar a 2%, dos quais a cirurgia de contorno corporal está associada ao maior risco.
Recente estudo norte-americano, publicado no periódico científico Aesthetic Surgery Journal, buscou determinar a segurança de um regime de enoxaparina pós-operatória de sete dias para profilaxia de TEV, em comparação com uma única dose pré-operatória de heparina na cirurgia de contorno corporal abdominal.
Neste estudo, foram avaliados pacientes de uma única instituição e operados por um único cirurgião, em 2007 e 2018. Quatro procedimentos foram incluídos: paniculectomia tradicional, abdominoplastia, paniculectomia em âncora e lipoaspiração de contorno corporal.
Pacientes do grupo I receberam dose única de 5.000 U de heparina subcutânea no pré-operatório, e nenhum produto químico pós-operatório para profilaxia foi administrado.
Os pacientes do Grupo II receberam 40 mg de enoxaparina subcutânea no pré-operatório imediato. Depois disso, a mesma dose foi ministrada uma vez ao dia, por sete dias no pós-operatório. No total, 195 pacientes participaram do estudo, dos quais 66 no Grupo I e 129 no Grupo II. Os desfechos avaliados foram sangramento e TEV pós-operatório.
Os grupos demonstraram perfis de risco de TEV estatisticamente semelhantes, com base no modelo de avaliação de risco Caprini de 2005. Não houve diferença estatisticamente significativa nos dois desfechos primários: sangramento pós-operatório e eventos de TEV. Os pacientes do grupo I tiveram maior taxas de reoperação (22,7% vs 10,1%, P = 0,029), as quais ocorreram devido procedimentos de revisão.
O trabalho concluiu que um esquema profilático pós-operatório de sete dias de enoxaparina, uma vez ao dia, para redução do risco de TEV nas cirurgias de contorno corporal abdominal não aumenta significativamente o risco de sangramento e que a implementação deste regime para profilaxia após a alta, quando indicado após estratificação de risco individualizada, é apropriado.
Leia o estudo completo: https://doi.org/10.1093/asj/sjz274