Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Retalho lombar VS “padrão-ouro”: comparando técnicas para reconstrução mamária

Comparando o retalho perfurante de artéria lombar com o retalho diep

O retalho perfurante baseado na artéria lombar é uma opção de retalho livre para reconstrução mamária quando os vasos do DIEP (deep inferior epigastric perforator) não estão disponíveis. Outra indicação é em mulheres jovens e positivas para BRCA, que procuram adenomastectomia profilática e reconstrução, mas não desejam utilização de aloplásticos nem têm área doadora disponível no abdome.

Este estudo belga, de Van Landuyt, Blondeel e colaboradores, revisou seis anos de reconstrução mamária em um serviço de referência, identificando um total de 661 retalhos livres para reconstruções mamárias. Os autores analisaram retrospectivamente dados demográficos, parâmetros perioperatórios e retoques, buscando comparar o retalho padrão-ouro atual (DIEP) com o retalho perfurante lombar.

Setenta e seis retalhos perfurantes da artéria lombar foram comparados com uma coorte de 560 retalhos DIEP. As pacientes submetidas ao retalho de perfurante lombar tinham IMC médio de 23,8 kg/m2 e média de 46,3 anos de idade. Em relação ao retalho, o peso médio foi de 504g (77 a 1216g), com 47% dos casos realizados para reconstrução após a adenomastectomia profilática (e 53% para terapêutica), com uma taxa de perda de retalho de 9%.

Já as pacientes submetidas ao retalho DIEP apresentaram um IMC médio de 25,2 kg /m2 e idade média de 48,8 anos. Já o peso médio do retalho foi de 530 g (108 a 1968 g), com 23% dos casos realizados para reconstrução em cirurgias profiláticas (e 77% para cirurgias terapêuticas) e uma taxa de perda de retalho de 2%, sendo essa diferença estatisticamente significativa.

A quantidade de procedimentos de retoque realizados foi muito semelhante em ambas as coortes: 87% dos pacientes com retalho da artéria lombar e 88% dos pacientes com DIEP foram submetidos a algum tipo de retoque pós-operatório, sendo os retoques mais comuns a correção de cicatrizes e a lipoenxertia. O volume médio injetado foi de 98 cc e 125 cc para os retalhos da artéria lombar e DIEP, respectivamente (p = 0,071).

Os autores concluíram que o retalho lombar é uma boa alternativa sempre que o DIEP não está disponível, mas em sua experiência ainda existe uma taxa de falha maior que a do DIEP. Ressaltam que a reconstrução autóloga bilateral é possível mesmo em pacientes muito magros e os retoques secundários têm índices comparáveis aos do DIEP.

Veja o artigo completo aqui:
https://journals.lww.com/plasreconsurg/Abstract/2020/04000/Lumbar_Flap_versus_the_Gold_Standard__Comparison.10.aspx