Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Efeitos da COVID-19 na residência de cirurgia plástica – a experiência da Universidade de Washington, EUA

Desde que os Estados Unidos registraram a primeira morte pelo novo Coronavírus, em 29 de fevereiro, a doença se alastrou pelo país e afetou significativamente o sistema de saúde, incluindo os programas de residência médica.

Um trabalho publicado no Plastic Reconstructive Surgery (PRS), em maio, mostra como o centro de saúde da Universidade de Washington, localizado em King County e constituído por um complexo de quatro hospitais, se organizou para combater a nova doença, bem como as adaptações feitas na residência médica em cirurgia plástica.

Segundo o estudo, todos os procedimentos cirúrgicos não urgentes foram adiados e os profissionais realizaram uma série de triagens dos casos extremos, definindo prioridades cirúrgicas e seguindo as recomendações da ASPS (Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos).

Dado o volume reduzido de atendimentos e procedimentos cirúrgicos eletivos, bem como a necessidade de redistribuição de residentes para ajudar em setores críticos do hospital, os residentes ficaram compreensivelmente preocupados com os números de cirurgias que passaram a realizar.

No entanto, o artigo lembra que o número de procedimentos realizados por cada residente, apesar de importante na formação profissional, não é o único, ou mesmo o principal determinante da competência cirúrgica do cirurgião. A realização de um número mínimo de casos é um requisito necessário para determinar a acreditação do programa e não a competência individual do residente.

Dentro do programa de cirurgia plástica da UW, serviços eletivos diminuíram significativamente o volume, mas ainda estão em funcionamento os serviços de trauma craniofacial e de mão, reconstrução oncológica, queimaduras e cirurgia plástica pediátrica. Desta forma, estão sendo feitos todos os esforços para garantir que os residentes preencham critérios mínimos para a graduação.

Do ponto de vista educacional, a modalidade de aprendizado mudou. À luz de recomendações contra reuniões de pessoas, muitas atividades educacionais foram canceladas e a quantidade de reuniões didáticas à distância aumentou significativamente com as visitas virtuais quase diárias e aulas online, resultando em maiores taxas de participação do que em reuniões presenciais.

Este período comprovou os benefícios e a facilidade da teleconferência, sendo que o programa planeja continuar essa opção para residentes e professores, com o objetivo de aumentar o engajamento mesmo após essa crise.

Como epicentro inicial do COVID-19 nos Estados Unidos, o programa da UW foi solicitado a desenvolver rapidamente estratégias para lidar com a crise crescente. Algumas dessas inovações certamente se tornarão uma adição permanente à “nova normalidade” do programa de residência, para melhorar a aprendizagem e atendimento clínico.

Veja o estudo completo aqui:
https://journals.lww.com/plasreconsurg/Abstract/9000/The_Early_Effects_of_COVID_19_on_Plastic_Surgery.96998.aspx