Poucos relatos se concentram exclusivamente na reconstrução microcirúrgica de defeitos traumáticos das extremidades inferiores em crianças. Os autores levantaram a hipótese de que o sucesso reconstrutivo seria comparável às taxas de sucesso relatadas em adultos, e que a idade mais jovem ou preocupações quanto ao tamanho ou comportamento dos vasos não afetaria negativamente o resultado cirúrgico.
Para isso, pesquisadores americanos realizaram uma revisão retrospectiva de casos de reconstrução microcirúrgica de membros inferiores em dois centros médicos acadêmicos. Todos os pacientes pediátricos submetidos à reconstrução microcirúrgica de defeitos traumáticos das extremidades inferiores entre 1997 e 2012 foram incluídos para análise. O estudo foi publicado no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, em abril de 2017.
Foram analisados 40 retalhos livres realizados em 40 pacientes com idade média de 11,4 anos (de 1 a 17 anos). Os retalhos musculares foram predominantemente utilizados (n=23, 57,5%). Entretanto, houve um aumento recente no uso de retalhos fasciocutâneos (n=16, 40%). Complicações pós-operatórias foram observadas em 25% dos pacientes, com uma taxa total de perda de retalho de 5%. Não foram observadas complicações na área doadora. O tempo médio de internação pós-operatória foi de 12,9 dias (de 4 a 41 dias).
Como conclusão, os autores afirmam que a reconstrução microcirúrgica de defeitos traumáticos das extremidades inferiores na população pediátrica é segura. Preocupações relacionadas com a idade do paciente, tamanho do vaso ou seu comportamento (isto é, vasoespasmo) não devem impedir a oferta de reconstrução com retalhos livres, pois não afetam negativamente os resultados.