Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Preparação mecânica do lipoaspirado para tratamento de rugas horizontais do pescoço

O processo de envelhecimento provoca diversas mudanças na face, incluindo o aparecimento de rugas horizontais no pescoço, as quais podem ser tratadas com opções não cirúrgicas (como laser, toxina botulínica e preenchimento com ácido hialurônico), porém o efeito é temporário. Em 2013, Tonnard et al. descreveu o nanofat, também chamado de SVF (stromal vascular fraction) mecânico ou não enzimático, o qual contém células-tronco derivadas de gordura, fibroblastos e fatores de crescimento. Desde então, tem sido cada vez maior o número de trabalhos demostrando o uso do SVF para melhora da qualidade da pele.

Nesse trabalho, os autores desenvolveram o que denominaram de “Gel de SVF”, avaliando seu efeito em rugas horizontais do pescoço e comparando o efeito do mesmo com a toxina botulínica tipo A (BTX A). Para produção do gel de SVF, os mesmos fizeram um preparo em três etapas: centrifugação da gordura, seguido de emulsificação entre duas seringas e nova centrifugação.

Inicialmente, as pacientes tiveram suas rugas horizontais classificadas em tipo I a IV, sendo tratadas apenas pacientes de grau II a IV. No total, 28 pacientes receberam aplicação de gel de SVF e 22 receberam toxina botulínica.

A eficácia dos tratamentos foi avaliada por cinco profissionais médicos (três plásticos e dois dermatologistas) e pelos próprios pacientes, utilizando escores de satisfação que variavam de um a cinco (pior a melhor), além da biópsia de um dos pacientes do grupo “SVF”.

Na avaliação dos médicos, nos pacientes com rugas grau II houve uma melhora maior no grupo BTX A no primeiro mês, porém essa melhora diminuiu com o tempo e se tornou maior (e estatisticamente significativa) no grupo SVF com 6, 12 e 18 meses. Nos pacientes com rugas grau III e IV, essa melhora no grupo SVF foi evidente desde o terceiro mês, até os 18 meses de seguimento.

Na avaliação dos pacientes, o grau de satisfação foi semelhante entre os pacientes de grau II, porém foi maior no grupo SVF entre os pacientes de grau III e grau IV (sendo estatisticamente significativa).

Em contrapartida, os efeitos adversos foram mais presentes nos pacientes do grupo SVF, os quais apresentaram equimose, edema e eritema por mais tempo que o grupo BTX A. A paciente submetida à biópsia teve um aumento de fibras colágenas após o uso de gel de SVF, porém não houve grupo controle para comparação.

Os autores concluíram que o SVF gel é um método eficaz e seguro para tratamento de rugas horizontais do pescoço, com resultados mantidos em longo prazo, especialmente para pacientes com rugas grau III e IV.

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https://journals.lww.com/plasreconsurg/Fulltext/2020/02000/Mechanical_Micronization_of_Lipoaspirates_for_the.14.aspx