Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Pesquisadores brasileiros concluem que reconstrução mamária não aumenta o risco de linfedema após mastectomia

Pesquisadores brasileiros conduziram um estudo de coorte prospectivo no INCA (Instituto Nacional do Câncer) para avaliar a incidência e os fatores de risco para linfedema em mulheres submetidas à mastectomia, com ou sem reconstrução. Foi considerado um seguimento de 10 anos, incluindo avaliação clínica e medidas do braço da paciente antes da cirurgia e depois de 30 dias, seis meses, cinco e 10 anos do procedimento. As conclusões foram publicadas em setembro, no periódico Journal of Plastic, Reconstructive and Aesthetic Surgery.

O estudo se justifica pela escassez de trabalhos que avaliem a incidência e os fatores de risco para linfedema em mulheres submetidas à reconstrução mamária imediata ou tardia. Existem relatos que sugerem redução no risco de linfedema em mulheres com reconstrução imediata, em comparação com aquelas sem reconstrução. Para pacientes com linfedema no momento da reconstrução mamária, há estudos indicando que o procedimento reconstrutivo pode melhorar os sintomas.

O trabalho dos brasileiros contou com 622 pacientes submetidas à mastectomia e linfadenectomia axilar, que foram seguidas por um período médio de 57 meses após a cirurgia. Desse total, 94 pacientes foram submetidas à reconstrução mamária, sendo 47 imediatas e 47 tardias. A incidência de linfedema foi de 33% (n=204).

Entre as pacientes submetidas à reconstrução, 28% delas desenvolveram linfedema, em média, 93 meses após o tratamento cirúrgico. Nas mulheres não submetidas à reconstrução, 34% delas evoluíram com linfedema, em média, depois de 106 meses (p=0,03). Portanto, a reconstrução mamária reduziu o risco de linfedema em 36% (p=0,04). Após ajuste pelo estadiamento patológico e radioterapia, esse dado não foi estatisticamente significativo (p=0,28).

Diante desses dados, os autores concluíram que a reconstrução mamária não aumenta o risco de linfedema em seguimentos de longo prazo. Veja a íntegra do artigo aqui.