Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Não acredite em tudo que você lê online sobre lifting de pescoço

Estudo publicado na edição de outubro do JAMA Facial Plastic Surgery avaliou as informações contidas na internet sobre procedimentos de cirurgia plástica para a região do pescoço e concluiu que a maioria das informações carece de substrato do ponto de vista científico.

Como método do estudo, os pesquisadores fizeram buscas no Google utilizando o termo Neck Lift e avaliaram 45 resultados obtidos. A maioria das fontes de informação provia de clínicas privadas e apenas 18% eram provenientes de centros acadêmicos.

Ainda como método de avaliação, os autores classificaram os websites em fatores como número de fontes de informação oferecidas, a qualidade dessas fontes e se o conteúdo era escrito em nível acessível ao conhecimento dos pacientes.

Como resultado, observou-se que a qualidade das fontes era significativamente melhor quando o material do site era proveniente de centros acadêmicos em comparação a clínicas privadas. Entretanto, o nível de redação ao público leigo foi semelhante e os sites requeriam pelo menos um nível de ensino médio.
Em sua discussão, os pesquisadores atentam que pesquisas anteriores e similares demonstraram que pacientes têm grande dificuldade para entender os termos médicos, se não possuem pelo menos o quinto ano primário. A maioria dos textos é considerada complexa e de linguagem sofisticada para pessoas com grau de escolaridade mais baixo.

Do ponto de vista técnico, não foi observada diferença de compreensão independentemente da origem do site, acadêmica ou privada. Os pesquisadores observaram também que para um website ter um índice de busca alta nos canais de procura na internet, eles devem ser capazes de serem vistos através de múltiplos browsers, ter link direto para mídias sociais e oferecer proteção de privacidade de dados.

O estudo tem a limitação de tratar uma amostra pequena de websites, analisada durante um período restrito. Os pesquisadores não chegaram a analisar os elementos visuais e gráficos dos websites, aspecto considerado de grande impacto no entendimento dos potenciais pacientes sobre os apresentados.

Dr. Hani Rayess, da Wayne State University (EUA), é um dos autores do estudo e relata que essa pesquisa ilustra o quanto e difícil aos pacientes ter informações fidedignas na internet, além da já conhecida falta de credibilidade de figuras públicas, como celebridades, abordando o tema (muito comum principalmente nas mídias sociais). Há também muitas informações equivocadas, vindas de cirurgiões supostamente especialistas.

Conclui, portanto, que a melhor forma de ter a informação adequada sobre um procedimento de cirurgia plástica é por meio de uma consulta médica com um profissional especialista e com grande e reconhecida experiência no tema.

Leia a íntegra do artigo:
http://jamanetwork.com/journals/jamafacialplasticsurgery/article-abstract/2571540