Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Estudo indica que o enxerto de veia aumenta o risco de comprometimento e de perda do retalho microcirúrgico

Muitos cirurgiões hesitam em usar enxerto de interposição de veias nas reconstruções com retalho microcirúrgico de cabeça e pescoço devido à preocupação com o risco elevado de perda do retalho. Em artigo publicado no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, de outubro de 2018, cirurgiões plásticos da University of Texas (EUA) e do M.D. Anderson Cancer Center abordaram esse tema.

Os autores realizaram uma revisão de pacientes submetidos à reconstrução com retalho livre de cabeça e pescoço, entre 2005 e 2015. O efeito do enxerto venoso no comprometimento do retalho e na perda do retalho foi analisado por meio de modelos univariado e multivariado.

Ao todo, 3.240 retalhos livres foram realizados. Os enxertos de veias foram utilizados em 241 retalhos (7,4%). A taxa de comprometimento do retalho livre foi de 14,5% com enxertos de veias e 3,4% sem enxertos de veias (p < 0,001).

A taxa de perda do retalho livre foi de 6,4% com enxertos de veias e 1,1% sem enxertos de veias (p < 0,001). Radioterapia, quimioterapia, esvaziamento cervical prévio, retalho livre prévio, osteorradionecrose e cirurgia com múltiplos retalhos livres foram mais frequentes no grupo com enxerto venoso (todos p < 0,001).

Apesar disso, o enxerto de veia foi associado a um risco aumentado de comprometimento do retalho (OR ajustada, 4,8; p < 0,001) e perda do retalho (OR ajustada, 5,5; p < 0,001) na análise multivariada. A revisão individual de cada perda de retalho no grupo de enxerto de veia não identificou casos de trombose causada por erros técnicos de anastomose, argumentando contra a necessidade de uma anastomose adicional como causa de perda de retalhos livres associados com enxerto de veia.

Como conclusão, os autores afirmam que existe um aumento do risco de comprometimento e perda do retalho livre associado ao uso de enxertos venosos. No entanto, uma taxa de sucesso de 93,4% ainda foi alcançada em casos notavelmente mais desafiadores, em que o enxerto de veia foi considerado necessário, levando em consideração os riscos e os benefícios pertinentes.

Leia mais aqui: https://journals.lww.com/plasreconsurg/Fulltext/2018/10000/Interposition_Vein_Grafting_in_Head_and_Neck_Free.35.aspx