Não há protocolo aceito para correção cirúrgica da fenda labial em regime de internação versus ambulatorial. O objetivo deste estudo foi revisar a segurança do tratamento ambulatorial de pacientes com fissura labial e desenvolver diretrizes. O artigo foi desenvolvido por cirurgiões plásticos norte-americanos e publicado no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, de julho de 2018.
Foi realizada uma revisão retrospectiva de pacientes com menos de dois anos, submetidos a correção primária de fissura labial, de 2008 a 2015, em seis centros. Os pacientes foram divididos em dois grupos: predominantemente ambulatorial (alta hospitalar ou admitidos para queixas específicas) e internados (internados por preferência do cirurgião). Foi analisado o impacto de variáveis independentes na admissão, retornos ao pronto-socorro e readmissão dentro de um mês após a alta.
Dos 546 pacientes, 68,1% eram meninos, 4,4% tinham síndromes e 23,6% tinham comorbidades. Cento e quarenta e dois pacientes foram internados no pós-operatório. Quarenta e nove internações foram atribuídas à preferência do cirurgião. Depois de excluir este subconjunto, nossa taxa de cirurgia ambulatorial foi de 81%. Não houve diferença entre os grupos nos retornos ao setor de emergência (3% versus 2,2%, p = 0,6) ou readmissões (0% versus 1,45%, p = 0,5).
Nenhum dos pacientes de cirurgia ambulatorial foi readmitido dentro de 36 horas, para uma taxa de cirurgia ambulatorial bem sucedida de 100%. Os fatores que tiveram impacto significativo nas taxas de internação no grupo ambulatorial (p < 0,05) foram sexo feminino, tempo cirúrgico, prematuridade e/ou idade pós-concepcional menor que 52 semanas, e comorbidades congênitas cardíacas, respiratórias, do sistema nervoso central, gastrointestinais, geniturinárias e outras. Comorbidades respiratórias e síndromes foram fatores de risco para readmissão para os pacientes que retornaram ao pronto-socorro (p < 0,05) .
Os autores concluem que o tratamento ambulatorial da fissura labial pode ser realizado com segurança na maioria dos pacientes, sem diferença nos retornos aos serviços de emergência ou readmissão. Já os pacientes com comorbidades devem ser admitidos para observação.
Leia mais aqui
https://journals.lww.com/plasreconsurg/Fulltext/2018/07000/To_Admit_or_Not_to_Admit___That_is_the_Cleft_Lip.26.aspx