Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Estudo avalia a taxa de integração de enxerto de gordura na face associado à ritidoplastia

Embora o enxerto de gordura tenha se tornado cada vez mais presente em cirurgias de contorno corporal, um dos seus usos mais atual e frequente tem sido na associação com ritidoplastias, auxiliando na correção da perda de volume ósseo e de partes moles.

Paralelamente, a captação de imagens 3D tem auxiliado na avaliação dos resultados desse tipo de cirurgia, permitindo uma aferição mais acurada da taxa de integração e manutenção da gordura enxertada.

Nesse trabalho, os autores buscaram avaliar o volume do terço médio da face (a curto e longo prazo) de pacientes submetidos à ritidoplastia associada ao enxerto autógeno de gordura, utilizando fotogrametria (Vectra®). A captação de imagens foi realizada no pré-operatório e com um, três, seis, 12, 18 e 24 meses de pós-operatório, sendo realizada a subtração de volume entre as imagens e comparação com o volume enxertado.

Nos primeiros dois meses de pós-operatório, a taxa de retenção de gordura foi em média de 49,6% em relação ao volume inicial injetado, enquanto no período de 18 a 24 meses de seguimento esse valor foi de 73,64%, sendo essa diferença estatisticamente significativa.

Os autores perceberam que houve uma curva na taxa de integração da gordura enxertada no terço médio da face, havendo uma queda inicial da retenção no período de um a seis meses, seguida de uma manutenção entre 10 e 12 meses e posterior aumento a partir de 16 a 18 meses.

Os autores creditam esses achados ao fato de que existe uma necrose parcial da gordura enxertada, atingindo o nível máximo entre seis e 10 meses. O fato de haver um aumento de volume a partir do 16º mês é um achado ainda não visto em outros estudos, que os pesquisadores sugerem ser causado pela presença de células-tronco derivadas de gordura, as quais manteriam o estímulo para divisão celular.

Essa hipótese se baseia na teoria de host cell replacement, sugerindo que o tecido adiposo enxertado sofre uma necrose inicial e serve como estímulo e suporte estrutural para as células de gordura que são recrutadas para o local, justificando o aumento de volume após 15 meses.

Vale ressaltar que mais estudos são necessários para avaliar o volume facial em longo prazo após lipoenxertias, uma vez que a maioria dos estudos se limita a avaliação a curto e médio prazo.

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https://academic.oup.com/asj/article/40/3/235/5136388