O enxerto de gordura tem sido amplamente indicado após mastectomia e na reconstrução mamária. A literatura enfatiza a eficácia clínica do enxerto de gordura, mas estudos experimentais levantam questões importantes sobre o risco de recorrência tumoral devido à estimulação de células cancerígenas remanescentes por células progenitoras ou adipócitos adultos.
Como a reconstrução conservadora da mama fornece um risco mais elevado de células cancerosas residuais no tecido mamário comparado com a mastectomia, cirurgiões plásticos do Instituto Europeu de Oncologia (Milão, Itália) realizaram um estudo caso-controle de pacientes com e sem enxerto de gordura após o tratamento conservador da mama. O artigo foi publicado no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, de junho de 2017.
Os autores coletaram dados de 322 pacientes operados de câncer de mama invasivo primário, que subsequentemente receberam enxerto de gordura durante a reconstrução da mama, entre 2006 a 2013. Todos os pacientes estavam livres de recidiva antes de enxerto de gordura. Para cada paciente, os autores selecionaram um outro paciente com características semelhantes e que não recebeu enxerto de gordura.
Com seguimento médio de 4,6 anos (intervalo de 0,1 a 10,2 anos) após o enxerto de gordura, e tempo correspondente para os controles, os autores não observaram diferença na incidência de eventos locais (p=0,49), metástases nos linfonodos axilares (p=0,23), metástases a distância (p=0,67), ou câncer da mama contralateral (p=0,51).
Com base nos dados aurados, os autores afirmam que o enxerto de gordura demonstrou ser um procedimento seguro após o tratamento conservador em pacientes com câncer de mama.