Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo

Adolescentes com ginecomastia precisam de avaliação de rotina com endocrinologista?

Não há na literatura médica evidências para o papel das investigações endocrinológicas em pacientes adolescentes com ginecomastia. Em artigo publicado no periódico Plastic and Reconstructive Surgery, de julho de 2018, um grupo de cirurgiões plásticos, endocrinologistas e pediatras avaliaram a necessidade de investigações endocrinológicas na avaliação da ginecomastia na adolescência, com o objetivo de orientar a prática atual para essa condição.

Foi realizada uma revisão retrospectiva de 26 anos. A coleta de dados incluiu pacientes com ginecomastia que se submeteram à avaliação da endocrinologia em um hospital infantil de alta complexidade. Foram revisados os dados clínicos, resultados dos exames endocrinológicos, tratamentos e custos.

Um total de 197 pacientes preencheram os critérios de inclusão. Noventa e oito (50%) apresentavam sobrepeso ou obesidade e 29 (15%) apresentavam história familiar positiva. A mediana da idade de início foi de 11,5 anos; 25 casos (13%) foram pré-púberes. Quinze pacientes (7,6%) foram diagnosticados com ginecomastia secundária (10 relacionados ao uso de substâncias exógenas).

Investigações endócrinas foram realizadas em 173 pacientes (87%), com resultados positivos em três casos (1,7%). Foram submetidos a observação 101 pacientes, com uma mediana de idade na resolução de 14,6 anos; 86 pacientes foram submetidos a cirurgia em uma idade mediana de 16,5 anos. O custo da avaliação endócrina foi de US$ 389.

Como conclusão, a avaliação endocrinológica identificou ginecomastia secundária em 7,6% dos pacientes, dos quais apenas 1,7% eram evidentes em exames de sangue.

Esta investigação está associada a uma carga evitável de custos para o sistema de cuidados de saúde e, em grande medida, a testes desnecessários para a criança. Como a maioria dos casos de ginecomastia secundária (67%) foi induzida por drogas, os autores não sugerem uma avaliação rotineira de endocrinologia, pois acrescenta pouco valor.

Os dados dos autores sugerem que a indicação para cirurgia deve ser feita se a ginecomastia persistir além dos 16 anos de idade.

Leia mais aqui
https://journals.lww.com/plasreconsurg/Fulltext/2018/07000/Do_Adolescents_with_Gynecomastia_Require_Routine.11.aspx